quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Infância em Perigo; Corno de África

No Corno de África, há centenas de milhares de crianças filhas de pastores nómadas que sofrem de má nutrição..Genebra, 15 de Maio 2006 – A UNICEF afirmou hoje que apesar das chuvas torrenciais de Abril, dezenas de milhares de crianças que dependem da pastorícia ainda correm risco de vida numa das regiões mais inóspitas do mundo. Ao lançar o relatório da UNICEF “Crianças em Perigo: Corno de África”, bem como um apelo para colmatar o deficit de 54 milhões de dólares que faltam para os 80 milhões de dólares do apelo original, a Directora Executiva Adjunta, Rima Salah, disse que, de facto, as chuvas tinham agravado a crise em algumas áreas, embora tivesse aliviado ligeiramente a situação noutras.

“Esta seca matou cerca de metade das cabeças de gado das populações que vivem da pastorícia no Corno de África,” afirmou Rima Salah. “A chuva não traz de volta os animais. Um criador de gado sem rebanho é como um agricultor sem sementes – deixa de ser um pastor para se tornar num ser humano que luta para arranjar comida, água limpa, abrigo e um meio de ganhar dinheiro para assegurar a sobrevivência dos filhos.” Nos últimos anos, o Corno de África tem sido devastado por períodos de seca cuja gravidade tem vindo a acentuar-se. Em 2000, quase 100.000 pessoas morreram durante uma seca na região. Quem mais sofre as consequências dessa situação são as populações nómadas constituídas por 16 milhões de pessoas que se deslocam ao longo das zonas fronteiriças entre o Quénia, a Somália e a Etiópia. Cerca de metade destes pastores foram gravemente afectados e precisam urgentemente de ajuda, especialmente as crianças com menos de cinco anos cujo número ronda os 1.6 milhões.

Principais pontos salientados por este relatório “Crianças em Perigo”:
Cerca de 40.000 crianças estão de tal modo subnutridas que correm o risco de morrer nos próximos meses;
Na realidade, as chuvas vieram agravar a crise em muitas zonas - matando o gado, contribuindo para o aparecimento da malária e de outras doenças, arrastando plantações recentes na enxurrada e poluindo as escassas fontes de água;

A maior parte das crianças afectadas pertencem à vasta comunidade nómada que vive do gado no Corno de África.

Os ciclos de crises recorrentes no Corno de África podem ser quebrados com o acesso consistente a serviços móveis de apoio às comunidades que vivem da pastorícia.

“A escassez de comida tem sido sempre uma constante da vida nesta difícil região,” lembrou Rima Salah, “ Mas para ajudar as populações a enfrentar estas crises recorrentes precisamos de encontrar respostas adequadas à sua forma de vida, em vez de insistirmos em que se adaptem aos serviços fixos num local que habitualmente disponibilizamos para elas. Se as pessoas conseguem viver e criar gado em zonas desérticas noutras partes do mundo, também o conseguem fazer no Corno de África. Há milhares de anos que o fazem.”

A UNICEF, outras agências da ONU e alguns parceiros na região começaram a adaptar programas que vão ao encontro do estilo de vida dos pastores. Exemplos desses programas são os centros móveis de alimentação terapêutica para crianças pequenas e o financiamento e formação de professores para que possam viajar com as famílias que se deslocam pela região em busca de água e alimentos para o seu rebanho.Até agora, apenas menos de um terço do apelo lançado pela UNICEF foi financiado por doadores da comunidade internacional.

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